A vinda do secretário de Segurança Pública, Airton Michels, a Santa Maria na terça-feira sinalizou a preocupação do Estado com a onda de violência vivida na cidade desde o início deste ano. A visita foi motivada pelo número de assassinatos - são 28 desde o início de janeiro até agora -, e da quantidade crescente de roubos a residências e a estabelecimentos comerciais.
Michels disse, na terça-feira, em entrevista ao Diário, que a cidade vive um surto de violência, mas que isso representa uma exceção no histórico criminal de Santa Maria. O secretário apontou o policiamento comunitário como política de combate à criminalidade, mas disse que o programa terá de ser desenvolvido com as próprias pernas da Brigada. Ou seja, não haverá aumento de efetivo. Michels também justificou os motivos pelos quais a cidade não terá, pelo menos por enquanto, uma delegacia especializada em homicídios. E tranquilizou os santa-marienses sobre a ida de efetivo para a Copa do Mundo.
Por volta das 14h15min, o secretário se reuniu com o comandante regional de Polícia Ostensiva da Brigada Militar, Jaime Machado, com o delegado regional da Polícia Civil, Marcelo Arigony, e com o delegado regional da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Armando Maciel. Durante o encontro, que durou cerca de uma hora, eles apresentaram a situação da cidade ao secretário e discutiram estratégias que devem ser adotadas em cada um dos órgãos para combater a criminalidade. Michels deixou o município por volta das 15h20min.
- Queremos trazer Santa Maria para a sua normalidade - disse o secretário.
O QUE DISSE
O secretário de Segurança Pública do Estado, Airton Michels, falou sobre temas referentes à violência em Santa Maria. Confira:
ONDA DE VIOLÊNCIA
Não diria que é assustadora, mas é preocupante. Estamos num momento atípico. Não podemos dizer que vamos detectar a causa exata e conseguir uma providência que elimine essa continuidade. Mas vamos tentar identificar as causas (da violência) para combatê-las. Não há um problema de criminalidade em Santa Maria, estamos com um surto reconhecido pelas autoridades daqui e pela Secretaria de Segurança.
POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Estamos em tratativas com a prefeitura para, inicialmente, criarmos três núcleos de polícia comunitária aqui. O princípio é que o servidor passe a atuar exclusivamente naquele bairro e resida lá. Os resultados têm sido positivos, os moradores terão policiamento 24 horas por dia. Esses policiais que irão para os bairros já deveriam estar lá. Não se faz policiamento só com blitze. Não há necessidade de mais policiais, porque eles iam às vilas atender ocorrências ou fazer blitz, agora, eles ficarão lá permanentemente. Temos os recursos para comprar as viaturas e temos o pessoal. Agora, depende dos encaminhamentos da prefeitura, que tem manifestado interesse sempre. Temos em 14 municípios do Estado. Em todos, chegamos a um consenso sobre os locais. Em tese, a última palavra é da prefeitura.
DELEGACIA DE HOMICÍDIOS
Não há necessidade, porque Santa Maria tem, historicamente, em torno de 30 homicídios/ano. Estamos em um surto agora. É uma exceção no histórico criminal de Santa Maria. Esse número não comporta uma delegacia de homicídios. Temos uma especializada em Caxias onde a média é de cem homicídios por ano. Aqui, com os cerca de 170 policiais civis que temos, é feito o enfrentamento. Não podemos ter um comportamento de gestão geral para uma situação específica. E a delegacia de homicídios não é solução para este tipo de problema. A solução é a investigação, e aqui temos um dos melhores índices de investigação (elucidação) do Estado.
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